
A fábrica da Britânia Eletrodomésticos, responsável pela produção da marca Philco em Manaus, realizou nesta semana a demissão de 800 trabalhadores, o equivalente a cerca de 30% do efetivo da unidade instalada no Polo Industrial da capital amazonense. A planta é responsável pela fabricação de televisores, fornos de micro-ondas e aparelhos de ar-condicionado.
Em comunicado oficial, a empresa atribuiu as demissões à queda nas vendas registrada no atual período e à frustração das expectativas de crescimento para o ano de 2025. Segundo a fabricante, a redução do quadro funcional seria uma medida necessária diante do cenário que não apresentou a recuperação projetada.
Além da fábrica no Amazonas, a Britânia, com sede administrativa em Curitiba (PR), mantém operações em Joinville (SC), onde concentra outra linha fabril e um centro de distribuição.
Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas e da Central Única dos Trabalhadores (CUT) no estado, Valdemir Santana, o volume de dispensas na Philco surpreende e não reflete a realidade de outras empresas do mesmo segmento no Polo Industrial. “As demais optaram por ajustes menores, sem grandes cortes. Há estoque de televisores, mas isso não justificaria essa quantidade de demissões”, declarou Santana, classificando o episódio como atípico.
Apesar da justificativa da companhia, dados recentes da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros) apontam para uma leve recuperação no setor. Entre janeiro e maio deste ano, houve um crescimento de 0,3% nas vendas de televisores em comparação com o mesmo período de 2024. A projeção da entidade é de estabilidade, com alta estimada de 1% ao fim do primeiro semestre.
A Philco, que figura entre as dez principais empregadoras do Polo Industrial de Manaus, já havia promovido cortes relevantes durante a pandemia de covid-19, também em função da retração do mercado à época. A empresa, no entanto, não detalhou se novas demissões estão previstas.
O caso reacende discussões sobre a vulnerabilidade do mercado de trabalho local, fortemente atrelado à indústria de eletroeletrônicos e sujeito às oscilações de demanda. O sindicato informou que estuda alternativas de suporte aos trabalhadores dispensados e cobra da empresa maior transparência sobre suas estratégias futuras.
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